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Coisas da Vida

A "doce" realidade dos hospitais públicos

A "doce" realidade dos hospitais públicos

Esta conversa começou por ser uma revelação daquilo que todos sabemos que acontece no Sistema Nacional de Saúde (SNS) e fazemos de conta que não existe. Ao melhor estilo da avestruz, que esconde a cabeça na areia. Mas tem de ser alargado perante a notícia que voltou a vir a público (a propósito da carta aberta escrita por uma aluna que não entrou no curso de medicina, a Marcelo Rebelo de Sousa) que dá conta da exigência dos alunos de medicina em relação ao suposto "excesso" de médicos em Portugal.

 

 

 

Sobre os refugiados

Crédito: Reuters/Alkis Konstantinidis

 

Quando se olha para uma imagem destas, sem contexto, até parece que o pai está a nadar tranquilamente com o seu bebé. Não está, é um refugiado Sírio a tentar salvar a sua vida e a do seu filho. Este, certamente conseguiu chegar a terra, dezenas, centenas de outros, ficaram pelo caminho.

 

A imagem choca, faz-nos pensar, imaginar sermos nós próprios, com os nossos filhos, a tentar fugir de uma guerra insana. É impossível não ficar comovido com a quantidade de sensações que nos percorrem o corpo, que nos provocam ansiedade só de imaginar estar naquela situação. São estas emoções que levam a estender a mão a quem precisa.

 

Parece óbvio pensar que ninguém iria recusar ajuda a pessoas com necessidade. Mas, se assim fosse, não haveria pessoas com dificuldade a viver nas ruas em Portugal, ou noutros países da Europa, onde se multiplicam as discussões sobre ajudar vs fechar as fronteiras.

 

É quase impossível, neste tema, pensar sequer que pode haver discussão. Mas há! Há quem esteja assustado com a chegada dos sírios à Europa. Há quem receie uma nova invasão dos mouros.

As pessoas que tendem em criticar a ajuda, que defendem o encerramento das fronteiras, a construção de muros e barreiras, que parecem ignorar o sentimento de repúdio quando vêem uma imagem de um bebé afogado nas margens de uma praia, são, talvez, as mesmas que, por vezes até incosncientemente, contribuem para a falta de ajuda daqueles que nos estão mais próximos. Mas não são as únicas, mesmo os que criticam quem está assustado com a chegada dos refugiados, os mais emocionados, esquecem-se de olhar em volta.

 

As coisas não são assim tão simples. Ou por outro lado, poderiam ter uma solução mais simples. Pegamos no argumento de que existem casa vazias, disponíveis para receber refugiados. Porque razão não se consegue ter casa para centenas de pessoas que dormem na rua, que não têm o que comer ou dar aos filhos?

 

Estão aqui, a dormir no jardim, a afogar-se na agonia, no lixo, nos seus próprios dejetos.

 

Passamos por eles, desviamos o olhar, ficamos incomodados com o cheiro, fechamos a janela do carro nos semáforos onde os vemos a pedir esmola. Deixamos que se afoguem que na sua própria desgraça. E nem vou entrar na discussão dos que vivem assim porque não querem de outra forma...

 

Devemos ajudar quem vem de fora, mas devemos olhar também para quem está cá dentro. Há muita gente em Portugal que tem o seu salário, que paga as suas contas e que ainda tem a "obrigação" de pagar a renda, a alimentação, de pais, irmãos, que tem de pagar os passes dos sobrinhos, senão não têm como ir para a escola, os livros, o material escolar. Dinheiro que poderia servir para uma poupança, para fazer face ao futuro (ao seu e dos seus próprios filhos), mas que acaba por ter de servir para ajudar quem está mais próximo. Se recusarem fazer isto, empurram a família para uma vida de rua, sem abrigo. São estes que apoiam quem chega de fora.

 

Falamos de uma política para ajudar refugiados, mas precisamos de uma política para ajudar quem precisa. Uma política nacional, mas, acima de tudo, uma política europeia. Os estados precisam de gastar dinheiro nesta ajuda, este valor tem de ficar de fora das obrigações de cumprimento de déficit. Deve haver uma verba para ajudar quem precisa.

É urgente uma sociedade que não feche os olhos. É complicado, dirão alguns, controlar os barcos com refugiados, seguir o rasto dos traficantes que os colocam em situações de risco. Mas temos satélites que conseguem perseguir um qualquer Bin Laden e bombardeá-lo a milhares de quilómetros de distância.

 

A história um dia o dirá. Será que em algum calabouço, alguém está, diariamente, a ver em ecrãns gigantes, imagens emitidas por um satélite de pessoas a partir de barco em direção à Europa, a esbracejar por ajuda, a ver crianças perderem a vida, sem nada fazer?

 

Para que fique claro, defendo que devemos ajudar quem precisa, os de cá e os que querem vir para cá. Controlo, segurança, claro. Mas será que não conseguimos receber em condições 10 ou 20 mil pessoas? Conseguimos, tal como deveríamos conseguir ajudar os milhares que por cá perderam a casa, que lutam diariamente para dar uma refeição minimamente digna aos filhos.

 

Dar aquele pacotinho de leite ao banco alimentar na altura da recolha de alimentos é bom, alivia a consciência, mas não chega.

E já agora, deixem de dizer barbaridades nas redes sociais. Muitos arrependem-se logo a seguir, mas o mal fica feito!

A escola começou!

Escola em Havana, Cuba!

 

Com o início da escola, os pais, entuasiamados, registam tudo em fotografia e vídeo. Todos os passos, do acordar, ao vestir das batas, a mochila com os livros. Tudo bem guardado para mais tarde recordar. Mas, ao contrário do que acontecia há uns anos atrás, quando as fotografias eram limitadas, pois os rolos e as revelações eram caras, as fotografias são às dezenas, centenas!

 

Até aqui, tudo bem, pena tenho eu de não ter algumas das minhas recordações registadas em fotografia ou vídeo. Mas é preciso ter cuidado com a divulgação destas fotos nas redes sociais. Os pais, babados, orgulhosos dos seus filhos, querem partilhar com o mundo estes momentos de felicidade mas esquecem-se que estão a dar a pessoas maldosas dados preciosos.

 

Além de localizarem as fotos, fornececendo a escola onde os filhos andam, de os mostrarem, de eventualmente divulgarem horários e percursos, estão a colocar os seus filhos em risco. Não pretendo ser um maníaco da conspiração, as crianças têm de poder crescer, mas posso sempre tentar alertar para alguns dos perigos de colocarem estas informações na Internet.

 

Riscos já eles vão correr ao longo da vida!

Dia da criança em Portalegre: brincar à polícia de choque!

dia_crianca_portalegre.jpg

 

Em Portalegre o Dia da Criança foi passado de forma animada. Diversas atividades para os mais pequenos sendo, uma delas, brincar à polícia de choque!

 

Uns, equipados com capacete e escudo usado pelo corpe de intervenção da PSP, enfrentam um grupo de miúdos e miúdas a lançar papéis, simulando o arremesso de pedras. Tudo isto devidamente arbitrado por um agente da autoridade fardado. De notar na foto o sinal do agente de autoridade fardado a dar ordem de conteção ao seu pequeno corpo de intervenção.

 

Ora, se bem que as brincadeiras dos índios e cowboys são já antigas (e todos nós as representamos), já este evento parece um pouco despropositado. O que se pretende com esta lição? Ensinar às crianças que sempre que virem um polícia do corpo de intervenção devem arremessar uma pedra? Incutir nas crianças que aqueles senhores fardados e equipados são maus?

 

Reparem bem na foto seguinte, enquanto as crianças procuram, aparentemente, munições nas mochilas a escola, há um que se antecipa na agressão aos "polícias fingidos".

dia_crianca_portalegre2.jpg

 

Não assisti no local ao evento mas pelas fotos, partilhadas na página de Facebook da autarquia de Portalegre, e retiradas depois, pouco há a explicar. O que se esquecem é que um evento público, principalmente depois de partilhado na Internet, fica registado para sempre. Tal como a imagem da brincadeira na cabeça das crianças.

 

dia_crianca_portalegre3.jpg

 

Não critico a aproximação da PSP às crianças, tal como, aparentemente, foi feita com outras atividades, em que viram como é por dentro um carro da polícia, ou qual a sensação de montar numa mota da polícia. Mas havia necessidade de simular uma situação de confronto da PSP com uma multidão?

dia_crianca_portalegre1.jpg

 

Quem pensou nesta atividade deveria estar cansado demais com os preparativos mas os pais, e encarregados de educação, que permitiram as crianças representar tais papéis, também deveriam ter travado isto.

 

Alguém gosta de ver o seu filho atirar pedras à polícia? (Se calhar ainda me vou arrepender de ter feito a pergunta).

 

Por mais que se condenem os atos de violência levados a cabo por alguns agentes, creio que qualquer pessoa que preze a sua segurança defende a existência da polícia, mas é demais passar às crianças este ensinamento de confronto violento.

O polícia também tem pai, e filhos?

Muito se escreveu hoje sobre a atitude nojenta e repugnante como um elemento graduado, um comandante, rodeado de uma equipa de escolta, agride de forma violenta dois homens em frente aos filhos menores. Sim, gratuita.

 

Nas imagens não se encontram motivos para a atitude selvagem daquele polícia. Uma pessoa que deveria ser o exemplo para os restantes que estão ali à volta. Os do capacete que investem sobre as multidões a uma ordem, provavelmente dada por aquele comandante.

 

Aquele comandante tem poder. Tem poder de agressão, tem poder de dar ordem de prisão sem sujar as mãos. Optou pela versão mais selvática que podia. Provocou um tumulto que poderia ter sido muito pior. Ajudou a que os confrontos seguintes tivessem uma justificação.

 

Ao contrário do que muitas vezes se pensa, também em virtude de atitudes de excesso de violência policial mostradas nas televisões, a polícia, mesmo a de intervenção, tem por principal missão evitar o confronto. Sabem que, ao fazer uma investida vão atiçar, ainda mais, os vândalos que se agrupam e tudo fazem para chegar a situações de violência extrema.

 

Este comandante queria violência.

 

Em frente a uma criança que ficou marcada para o resto da sua vida ao ver o seu pai ser agredido, não por um qualquer meliante, mas por um agente de autoridade que deveria ser a imagem máxima da segurança pública. Aquele polícia devia ser o sinal que aquela criança poderia estar livremente a assistir a um jogo de futebol!

 

Já muito se escreveu sobre esta atitude condenável. Não será preciso muito para que os responsáveis máximos da PSP coloquem este senhor onde deve. O que me espanta mais é perceber se este senhor tem filhos. Que exemplo está a dar? E gostava de ter visto o seu pai ser agredido da forma como agrediu o pai e avô daquela criança?

 

Costumo ser uma espécie de advogado do diabo em muitas destas questões. Já vi adeptos a picar a polícia durante longos períodos à espera de reação. E muitas vezes aguentam... outras, investem! Neste caso nada justifica aquela atitude. Mesmo que imagine a pior coisa que o homem lhe possa ter dito. Se fez algo de errado, tem o poder de dar ordem de prisão. O que fez foi o que qualquer selvagem faz quando quer estragar a festa!

 

Já vi muita selvajaria no futebol mas o que se vê nestas imagens é algo que me deixa tão assutado como quando fui cobrir o Mundial de Futebol na África do Sul. Onde todos me diziam que tinha de ter muito cuidado na rua, não podia andar à noite descansado e para ter muita atenção, mesmo com a polícia.

 

Vamos chegar a esse ponto em Portugal?

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