"Para ganhar, Marcelo renunciou a Passos e Portas, praticou amnésia sobre o anterior Governo, reconheceu e apresentou cumprimentos à tal "geringonça" e prometeu promulgar políticas que pessoalmente rejeita, como a adoção entre casais do mesmo sexo e o restabelecimento do aborto livre e gratuito. Por muito que isso desespere o revanchismo da minoria de Direita, todos sabem que, sem esta trégua com o Governo de António Costa, o presidente eleito não chegaria a sê-lo."
E se... É a partir desta expressão que se começa a construir um argumento de uma história. E se Sampaio da Nóvoa tivesse o resultado esperado pelo Partido Socialista. E se estivessemos agora a preparar uma segunda volta nas presidenciais?
A peixeirada que o CDS protagonizou este fim-de-semana, e que ontem teve desenvolvimentos com as intervenções de Nogueira Pinto, Telmo Correia e, por fim, Ribeiro e Castro, não abona nada em favor do partido e dos políticos em geral.
A peixeirada, sem conotação com a venda de peixe, porque as vendedoras de peixe demonstram mais educação do que a apresentada pelos protagonistas desta novela da vida política portuguesa, apenas serviu para mostrar aos militantes do CDS e ao público em geral, que quem está na política, está pelo poder. E não pelo serviço ao partido e ao país, como muitas vezes se quer fazer crer.
A fobia tomou contornos preocupantes. Se até aqui todos reconhecem em José Sócrates alguns laivos de ditador (uma espécie de "eu quero, posso e mando" dos tempos modernos) esta ânsia de Paulo Portas em regressar ao poder deixa entender que algo de perigoso se avizinha.
Até ao momento, todos concordam, o CDS tem estado apagado, tal como o PSD e todos os partidos da oposição. Mas, de repente, parece que surgiu uma epidemia e todos querem brilhar. Até Ribeiro e Castro, que até aqui se manteve nos bastidores, fez ontem um discurso empolado a prometer que se vai bater "tenazmente" contra o assalto ao poder. Ok! É a única expressão que encontro para comentar a atitude. E até aqui, porque não usou Ribeiro e Castro a sua tenacidade para fazer brilhar o partido e tentar fazer alguma oposição real ao Governo?
Certo é que os acontecimentos da reunião do Conselho Nacional cairam mesmo mal junto dos apoiantes do CDS e há mesmo muitos que já pediram para cancelar a filiação no partido.
E atenção, Santana Lopes, do PSD, também anda por aí e vai, certamente, aproveitar esta onda de regresso lançada por Paulo Portas. Vamos ver se Santana consegue um tsunami no seio do PSD.