A geringonça, a coligação, ou aquilo que lhe quiserem chamar, está a chegar ao fim. Isso é um dado adquirido. Mas, mesmo assim, com a aproximação da apresentação do Orçamento do Estado para 2017, sucedem-se os atropelos a uma democracia saudável. Depois da intenção de taxar o sol, de afastar o investimento estrangeiro (com um novo imposto sobre imóveis), Mariana Mortágua acha por bem roubar quem está a acumular dinheiro, leia-se, a poupar.
O problema é transversal, mas ataca muitos portugueses. Gostamos de discutir trivialidades e quando se trata de temas a sério, tendemos a fugir. Um desses exemplos diz respeito à utilização de pesticidas, nomeadamente do glifosato, que contém substâncias potencialmente cancerígenas para o ser humano e animais, na agricultura e até nas cidades, para combater as ervas nos passeios.
Tenho evitado voltar ao tema. Creio que é preciso dar espaço para que as organizações funcionem em democracia, de forma estável, sem entropias que servem apenas para desestabilizar. Mas, perante este discurso de Joana Mortágua, sobre o "Golpe de Estado em curso no Brasil", não consigo ficar calado.
Continuamos a viver momentos verdadeiramente interessantes, do ponto de vista de análise política. Além dos temas que, no fundo, acabam por bater na tradicional frase "mais do mesmo" (nomeações, medidas contrárias ao que estava no Programa de Governo...) choca ver uma esquerda mais interessada na divisão do que na união.
"Para ganhar, Marcelo renunciou a Passos e Portas, praticou amnésia sobre o anterior Governo, reconheceu e apresentou cumprimentos à tal "geringonça" e prometeu promulgar políticas que pessoalmente rejeita, como a adoção entre casais do mesmo sexo e o restabelecimento do aborto livre e gratuito. Por muito que isso desespere o revanchismo da minoria de Direita, todos sabem que, sem esta trégua com o Governo de António Costa, o presidente eleito não chegaria a sê-lo."
A luta de palavras e de opiniões sobre a governação em Portugal multiplica-se. Dos dois lados desta fronteira, que agora parece ser apenas entre esquerda e direita, os argumentos apresentados validam a verdade absoluta. Esquecem-se os pormenores, os pequenos detalhes que, provavelmente, estão na base do embróglio.