Por Deus, e por uma descida da luz divina ao Bloco de Esquerda
Tenho evitado voltar ao tema. Creio que é preciso dar espaço para que as organizações funcionem em democracia, de forma estável, sem entropias que servem apenas para desestabilizar. Mas, perante este discurso de Joana Mortágua, sobre o "Golpe de Estado em curso no Brasil", não consigo ficar calado.
Diz a deputada (que de acordo com ela própria, foi protagonista num Golpe de Estado nas últimas eleições legislativas, levado a cabo pelos partidos da esquerda contra a direita, democraticamente eleita) que a direita brasileira está a tentar derrubar o Governo de Dilma Rousseff.
Note-se, e não me vou alongar, porque o vídeo que aqui deixo, merece ser visto e ouvido com atenção, mas peço apenas que, sempre que ouvirem falar de Brasil, esquerda ou de Dilma, imaginem que Joana Mortágua diz Portugal, direita ou Passos Coelho.
Este discurso, que pior do que o conteúdo, é a convicção com que é dito, torna bem claras quais as intenções de um partido com aspirações a uma governação totalitarista, de uma governação que defende tudo, desde que seja a esquerda (deles) a tomar essa posição, contra qualquer outro tipo de pensamento. Um partido para quem a democracia só pode funcionar num sentido.
Depois deste discurso, ficamos com a certeza que quando um ministro de um partido faz asneira, o líder desse Governo não tem de se demitir nem assumir responsabilidades, desde que seja de esquerda. Porque se esse líder for de direita, não lhe restará mais nada do que a demissão.
Sou um cidadão, vivo em Liberdade e tenho todo o direito de expressar aquilo que penso. Ainda senti o peso da ditadura, por aquilo que os meus pais viviam, e muitas vezes assisti, coberto de medo, às operações Stop dos esquadrões no período pós-revolução. Com armas, com ameaças ao meu pai, obrigando-o a sair do carro, à frente dos filhos, para o interrogar. Não, não quero voltar ao Antigo Regime, mas é preciso não esquecer o que se passou no período que se lhe seguiu.
Democracia, menina Mortágua, é Liberdade. E se um grupo de deputados eleitos tem o poder constitucional de derrubar um Governo e sustentar outro, temos de deixar funcionar a Democracia, seja ela de Direita ou de Esquerda. Seja em Portugal, ou no Brasil. E, por favor, sempre que falar de transparência, pense duas vezes!
E deixo-lhe eu a pergunta: a governação atual em Portugal, vai elimininar a necessidade de medidas de austeridade? Pois é, apesar das medidas popularuchas que têm passado, e que ficam lindas nos cartazes de rua, ambos sabemos que o país não está a ir por um caminho muito agradável, não é?
CORREÇÃO: Um erro grosseiro, que me fez identificar Mariana Mortágua, em vez de Joana Mortágua. Pelo lapso peço desculpa às visadas e aos leitores deste texto. Corrigido entretanto. Mantenho, tudo o resto!