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Coisas da Vida

Antes de ser roubado, vou gastar as poupanças

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Imagem: Expresso, a história secreta da geringonça 

A geringonça, a coligação, ou aquilo que lhe quiserem chamar, está a chegar ao fim. Isso é um dado adquirido. Mas, mesmo assim, com a aproximação da apresentação do Orçamento do Estado para 2017, sucedem-se os atropelos a uma democracia saudável. Depois da intenção de taxar o sol, de afastar o investimento estrangeiro (com um novo imposto sobre imóveis), Mariana Mortágua acha por bem roubar quem está a acumular dinheiro, leia-se, a poupar.

 

 

Não me interessam absolutamente nada as questões relativas às acumulações indevidas por parte de banqueiros e gestores que roubam e atropelam a lei. Para esses casos, deve vingar a legislação e investigação das autoridades. Por isso, estamos a falar de quem, como eu, gosta de poupar, por oposição a gastar tudo, ou mais do que ganha, e ainda recorrer ao endividamento bancário por tudo e por nada.

 

Sejam dois euros ou dois milhões. Se os poupei, ou os meus antepassados, com suor, trabalho e sucesso, de forma digna, porque razão esta senhora se acha no direito de os roubar? Talvez seja bom esclarecer, desde já, que não possuo dois milhões, estou mais perto dos dois euros do que dos dois milhões, não vá a geringonça começar a olhar para mim com olhos gulosos.

 

Aqueles que percebem melhor o capitalismo e são mais capazes de salvar o capitalismo, ironicamente, são os radicais de esquerda.

 

Eu trabalho, poupo e acumulo para garantir segurança quando preciso. Porque, como todos sabem, chegando à altura da reforma, não terei o Estado a garantir a minha sobrevivência. Por isso, quando pessoas, como Mariana Mortágua, pretendem roubar aquilo que é o fruto do meu trabalho, pergunto: já pensou, por exemplo, em abdicar do dinheiro que recebe do Estado (leia-se) dos impostos que pago, só para marcar presença na Assembleia da República? Se não estou errado, 75 euros por cada sessão? Sabe quantas horas tenho de trabalhar para ganhar esse dinheiro?

 

Esta fobia de perseguição aos "ricos", por parte de pessoas que enchem a boca com a palavra Democracia, mas que nem sequer viveram na dura realidade da ditadura, tende a transformar-se em medidas que são mais próximas do que existia no Antigo Regime, mas pelas mãos da esquerda.

 

Taxar aquilo que já é taxado tem um nome e não encontro nenhum termo mais digno do que roubo. Faz lembrar a economia do tempo do reinado, onde até as sementes eram roubadas às pessoas, deixando-as sem nada para comer, como forma de taxar para cobrir as despesas e exageros do Reino.

 

O Bloco de Esquerda, a geringonça como um todo, vive no sonho de um reinado e aguardam pelo beijo do príncipe encantado. Continuem a sonhar porque quando acordarem, a realidade vai ser dura. Neste momento temos um cenário político grave, apesar de o aceitar-mos com a ligeireza que nos assiste.

 

Temos Mariana Mortágua a anunciar impostos (função que compete ao ministro das Finanças); ações que o próprio Bloco de Esquerda já criticou por ter sucedido com a coligação PSD/CDS; temos dois partidos (BE e PCP) a sustentar o PS de António Costa no poder com base numa espécie de ameaça constante e temos um PS completamente amorfo, que reage com aplausos às declarações de Mariana Mortágua.

O melhor será dizer às crianças para partirem o mealheiro e gastarem tudo em rebuçados... 

Esta geringonça, sustentada por partidos com ideologias bem definidas, que são contra uma União Europeia, contra o Euro, contra o modelo económico, é uma máquina com defeito de fábrica. Não é disto que Portugal precisa.

 

Portugal não pode viver isolado, fechar fronteiras e voltar aos slogans da Reforma Agrária. Uma ressalva, porque considero que Portugal tem capacidade para trabalhar mais e melhor a agricultura e as pescas em benefício dos portugueses.

 

Com estas declarações, mais uma vez proferidas com o orgulho quem está a citar a obra de um filho, Mariana Mortágua apenas está a desincentivar a poupança, a despertar a desconfiança dos agentes económicos em geral.

 

Investir em imóveis não contribui para o PIB porque a casa já está construída? A sério que querem dizer isto sem serem nomeados para um óscar de melhor comédia? Tal como escreve, e bem, Paulo Ferreira no Observador, "no modelo económico de Mariana Mortágua, que apaixona o PS, a economia vai disparar se sucessivamente construirmos e demolirmos prédios, fabricarmos e destruirmos sapatos, calças ou Trabants. Para quê vendê-los, se já entraram nas estatísticas? Como é que nunca ninguém se lembrou deste plano, devidamente desenhado por um comité de planificação económica?"

 

Afinal, como a própria afirma, "aqueles que percebem melhor o capitalismo e são mais capazes de salvar o capitalismo, ironicamente, são os radicais de esquerda. Porque parece que quem defende o capitalismo não o compreende nem são capazes de o salvar de uma crise". E eu digo espantado, como disse?

 

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