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Depois de alguns meses a ser julgado, o ex-presidente do Iraque, Saddam Hussein vai hoje ser enforcado até à morte. Assim o ditaram as leis de alguns homens.
Não estão aqui em causa as atrocidades cometidas pela mão e a mando de um ditador que se aproveitou de todo um povo e quase levou à extinção de outro. Analisando, nua e cruamente os actos cometidos por Saddam, (desde a promoção de guerras ao bombardeamento do povo curdo com gás venenoso), a vontade é apagar tal figura da face da terra. Mas estará nas mãos dos homens julgar um crime com outro crime? Sou contra a pena de morte.
A pena capital não é a forma mais justa de castigo e enforcar um ser humano é um acto violento e cruel quer seja praticado por Saddam Hussein ou por um qualquer juiz ou carrasco ao abrigo de uma "lei". Nada, certamente, irá mudar o rumo dos acontecimentos marcados para o nascer do Sol no Iraque. Mas, uma coisa será certa, o homem conhecido como a raposa do deserto, prometeu morrer como mártir e, apesar de haver muita gente satisfeita com a sua morte, será isso mesmo que vai acontecer.
Saddam foi capturado em Dezembro de 2003 cerca de nove meses depois da invasão do Iraque pelas tropas aliadas. Esta invasão foi realizada com a suspeita, nunca confirmada, que o regime iraquiano estaria a construir armas de destruição maciça. Não será por isso que vai ser enforcado. A sentença foi aplicada a Saddam Hussein pelo tribunal especial, por ser considerado culpado da morte de 148 xiitas em Doujaïl na década de 80.
O mundo tem os olhos postos no castigo a ser aplicado a Saddam. Resta saber que tipo de imagens chocantes irão correr o mundo a apenas um dia de terminar o ano de 2006. Para a raposa do deserto, a vida termina na esquina com 2007. Os vídeos e as fotos com os últimos sopros de vida de Saddam Hussein irão correr o mundo através de televisões e da Internet. Quem vai censurar este episódio da História da humanidade?
O "espectáculo" proporcionado deriva de uma pena justa ou apenas da raiva sentida pelo homem que cometeu actos horrendos e fez sofrer durante décadas?
Paulo M. Guerrinha
Hoje, infelizmente, mais uma criança morreu vítima de maus tratos por parte dos próprios pais. É nojento e, acima de tudo, poderia ser evitado. Desde 2005 que a Sara está referenciada como uma criança em risco pela Segurança Social mas, mais uma vez, é mais fácil deixar andar para ver até onde a criança aguenta do que tomar uma atitude.
Agora, a chorar sobre o leite derramado, multiplicam-se as vozes de ministros e responsáveis a tentar sacudir a água do capote. A culpa não pode morrer solteira, mais uma vez. Há centenas de crianças em risco em Portugal e nem a enorme quantidade de instituições existentes conseguem evitar a tragédia.
Será fácil, e sinceramente acredito apenas porque é um caso mediático, culpar a mãe e o pai da menina de apenas 2 anos. E serão certamente, dado as provas mostradas até ao momento. Mas, sabendo que o caso era conhecido das autoridades, porque se deixou chegar a este ponto? Quantas mais Saras terão de sofrer para que os mecanismos de protecção de menores funcione realmente?
A dificuldade que um casal tem ainda hoje para adoptar uma criança é enorme, e, quem sabe, uma estrutura bem montada poderia encaminhar crianças em risco para a adopção. Eu sei, não é fácil tirar um filho a uma mãe, mas será justo deixar morrer crianças às mãos das únicas pessoas que as podem e têm a obrigação de proteger?
Quantas mais crianças estão, neste preciso momento, a sofrer danos, físicos e psicológicos, que vão influenciar toda a sua vida? A solução não é fácil, depende de cada um de nós. Depende dos pais que colocam no mundo uma criança e não têm condições para a educar e, muitas vezes, nem sequer para a amar.
A política de adopção tem de ser revista e cabe à Segurança Social e protecção de menores avaliar todos os casos e, se for essa a solução, encaminhar as crianças em risco, ainda pequenas, para adopção. Nem tudo será perfeito mas, provavelmente, irão crescer no seio de uma família que as ama e quer realmente ajudar a ser felizes.
A Sara não morreu, foi morta. Que mal terá feito para merecer tal sentença?
Paulo M. Guerrinha
Hoje de manhã, ao ouvir o comentário de imprensa transmitido pela SIC Notícia, pasmei com as afirmações de Clara Pinto Correia, a convidada desta rubrica. A escritora utilizou grande parte do seu tempo de antena para criticar o jornalismo que se faz actualmente, dando especial ênfase à falta de originalidade e criatividade dos títulos da imprensa.
Ao princípio até comecei por concordar, por vezes os títulos são fracos e não fazem justiça ao conteúdo apresentado nas notícias. Muito se deve ao estado actual da profissão. Os jornais, há muito tempo que deixaram de ser projectos jornalísticos para se transformarem em negócios, pura e simplesmente. Quem acaba por pagar a factura é a credibilidade e qualidade do jornalismo praticado. As empresas dão preferência a estagiários, com menos experiência, mas que aceitam trabalhar por ordenados reduzido, por vezes abaixo do ordenado mínimo nacional, e apostam, pouco na qualidade da informação.
Mas depois, a tese de Clara Pinto Correia caiu por terra quando afirma que na época em que era jornalista "se faziam grandes “brain stormings" para escolher um título. Bom, eu ainda me lembro de dizer mal da música ouvida pelos meus pais e avós. Estava fora de moda e o que estava a dar era o moderno som do final dos anos 70, início dos anos 80.
Hoje em dia, e sem grande espanto, a música que fazia as delícias desses tempos, é para velhos. Mudam os tempos, mudam as vontades e pouco mais há para inventar hoje em dia. Mas numa coisa Clara Pinto Correia tem razão, o jornalismo está na rua da amargura. O rejuvenescimento da profissão é saudável, mas faz falta a figura do jornalista experiente, com memória para transmitir a ética perdida.
Na sua coluna no jornal 24 horas o título de hoje, dia 27 de Dezembro, é: "O triqui-triqui". Deve ter sido uma reunião muito demorada para chegar a este marco do jornalismo. É a velha história, quem tem telhados de vidro...
Já agora, pensei em colocar como título: Títulos pouco claros para Pinto Correia, mas se calhar era exagerado. Aceitam-se sugestões, o melhor irá substituir o actual.
Paulo M. Guerrinha
Hoje sou uma das pessoas que está a trabalhar. A época é propícia à folga e no dia de hoje, por haver menos que fazer, há tempo para recordar histórias, verdadeiras aberrações à portuguesa, que aconteceram.
Lembrei-me de uma coisa sucedida há cerca de 4 anos, em Fevereiro de 2004. Nesse ano, finalmente, consegui comprar carro. Depois de analisar as opções de mercado, optei por um Skoda. Comprei novo. Por causa das garantias e porque estava a decorrer uma promoção da marca.
Mas os problemas, para não fugir à regra, surgiram logo depois. Um belo dia, acendeu-se no painel uma luz referente ao EPC. Nas instruções fornecidas pela marca, dizia para eu me dirigir a uma oficina. Assim fiz. A oficina era a Autojump, ficava perto da Praça de Espanha. Quando lá cheguei e expliquei o meu problema, quer dizer, o problema da viatura, o chefe da oficina não teve papas na língua: "Para usufruir da garantia tem de chamar a assistência em viagem". Pasmei... Então estou aqui na oficina com o carro e tenho de ligar para a assistência? eles fazem o quê, vêm aqui?
"Não, tem de os chamar longe daqui, a pelo menos 20km da sua residência para os poder chamar".
Conclusão. Tive de pegar no carro, com uma luz de sinalização que indicava que eu tinha de me deslocar a uma oficina o quanto antes, sair da mesma, e ir para um local, longe dali, para chamar a assistência.
Acabei por ir para a bomba de gasolina na 2ª Circular, liguei para a assistência que enviou um reboque para me levar de volta à oficina.
A situação dá-me vontade de rir, chego mesmo a ir às lágrimas quando conto a história, que mais parece um conto de Natal. É a realidade portuguesa.
Paulo M. Guerrinha