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Coisas da Vida

O polícia também tem pai, e filhos?

Muito se escreveu hoje sobre a atitude nojenta e repugnante como um elemento graduado, um comandante, rodeado de uma equipa de escolta, agride de forma violenta dois homens em frente aos filhos menores. Sim, gratuita.

 

Nas imagens não se encontram motivos para a atitude selvagem daquele polícia. Uma pessoa que deveria ser o exemplo para os restantes que estão ali à volta. Os do capacete que investem sobre as multidões a uma ordem, provavelmente dada por aquele comandante.

 

Aquele comandante tem poder. Tem poder de agressão, tem poder de dar ordem de prisão sem sujar as mãos. Optou pela versão mais selvática que podia. Provocou um tumulto que poderia ter sido muito pior. Ajudou a que os confrontos seguintes tivessem uma justificação.

 

Ao contrário do que muitas vezes se pensa, também em virtude de atitudes de excesso de violência policial mostradas nas televisões, a polícia, mesmo a de intervenção, tem por principal missão evitar o confronto. Sabem que, ao fazer uma investida vão atiçar, ainda mais, os vândalos que se agrupam e tudo fazem para chegar a situações de violência extrema.

 

Este comandante queria violência.

 

Em frente a uma criança que ficou marcada para o resto da sua vida ao ver o seu pai ser agredido, não por um qualquer meliante, mas por um agente de autoridade que deveria ser a imagem máxima da segurança pública. Aquele polícia devia ser o sinal que aquela criança poderia estar livremente a assistir a um jogo de futebol!

 

Já muito se escreveu sobre esta atitude condenável. Não será preciso muito para que os responsáveis máximos da PSP coloquem este senhor onde deve. O que me espanta mais é perceber se este senhor tem filhos. Que exemplo está a dar? E gostava de ter visto o seu pai ser agredido da forma como agrediu o pai e avô daquela criança?

 

Costumo ser uma espécie de advogado do diabo em muitas destas questões. Já vi adeptos a picar a polícia durante longos períodos à espera de reação. E muitas vezes aguentam... outras, investem! Neste caso nada justifica aquela atitude. Mesmo que imagine a pior coisa que o homem lhe possa ter dito. Se fez algo de errado, tem o poder de dar ordem de prisão. O que fez foi o que qualquer selvagem faz quando quer estragar a festa!

 

Já vi muita selvajaria no futebol mas o que se vê nestas imagens é algo que me deixa tão assutado como quando fui cobrir o Mundial de Futebol na África do Sul. Onde todos me diziam que tinha de ter muito cuidado na rua, não podia andar à noite descansado e para ter muita atenção, mesmo com a polícia.

 

Vamos chegar a esse ponto em Portugal?

Jesus às portas do Inferno da Luz

Jorge Jesus viveu este ano a melhor época desportiva da sua vida e, ao mesmo tempo, a pior. Passou, literalmente, de bestial a besta em menos de 20 dias.

Depois da euforia vivida em torno dos resultados desportivos registados no campeonato, na Taça e na Liga Europa, eis que nos momentos decisivos tudo se desmorona.

Jesus de joelhos em pleno Dragão ainda teve consigo os adeptos. Na final da Liga Europa o perdão também chegou. E tudo levava a crer que a renovação estava perto. Afinal, ainda restava a Taça de Portugal que, apesar de tudo, não salvava a época. Mas também no Jamor as coisas correram mal para o Benfica. E para Jesus que levou, em pleno relvado, o pior dos castigos: o empurrão traidor de Cardozo. O Paraguaio liderou o coro de críticas que colocam o treinador na rota de saída da Luz.

Cardozo, também ele criticado pelos adeptos encarnados (apesar do número de golos marcados), foi o primeiro a avançar para Jesus. Uma espécie de traição depois da aposta do treinador na sua utilização e na confiança para marcar penáltis, mesmo depois dos falhanços monumentais.

Jesus ainda tentou desculpar o Paraguaio, pois ele estava desorientado. Mas mesmo com a bússola desafinada, a atitude de Cardozo foi um sinal claro de desrespeito pela autoridade do treinador. Com aquela atitude, mesmo que ambos continuassem no Benfica, iria ser difícil a convivência.

Cardozo será castigado e dificilmente irá ficar na Luz. Quanto a Jesus, está a ser julgado por três jogos. Mas são momentos decisivos. Os adeptos não percebem como se pode gastar 4 milhões por ano num treinador que falha nos momentos decisivos. E têm razão. Mas é preciso olhar para outros grandes treinadores que esta época tiveram grandes conquistas depois de, na anterior, terem perdido tudo.

Portugal precisa de continuar a apostar nos talentos nacionais e para isso é preciso avaliar todo um percurso. É preciso saber avaliar as qualidades e não apenas a sorte ou azar de dois ou três lances.

Aliás, é preciso não esquecer que no Porto está um treinador que também tem qualidades mas que, apesar de ter tremido mais durante a época, conseguiu a felicidade, para tristeza de Jesus, no momento crucial. E também ele estará de saída do Dragão.

 

Antes morrer de pé que viver de joelhos

A frase é mais conhecida com a pronúncia castelhana mas aplica-se bem ao actual contexto do futebol português. Jorge Jesus, levado pela emoção, caiu de joelhos voltado para o banco do FC Porto onde Vítor Pereira celebrava de forma exuberante. O gesto, que curiosamente escapou às objectivas de dezenas de fotógrafos que assistiam ao jogo, corre o mundo graças às imagens da transmissão televisiva e caiu mal junto dos adeptos benfiquistas. Afinal, Jorge Jesus não pode dar aquela imagem.

E porque não? O futebol é um espetáculo e Jorge Jesus um dos actores principais. Caiu com o cair do pano. Mas mais do que a atitude irrefletida de Jorge Jesus é preciso perceber porque razão no momento em que sofreu o golo, aos 92 minutos, e quando tinha feito substituições claramente indicavam uma estratégia defensiva, a linha mais recuada estava a meio campo, completamente partida permitindo que dois avançandos, acabados de entrar, jogassem livremente.

Se há alturas em que o autocarro deve estacionar em frente à baliza, diria que esta era uma delas. Afinal, o empate servia ao Benfica mas não ao Porto. Como costumo dizer, analisar erros e jogadas através das imagens da televisão é mais fácil do que estar lá no campo a tomar decisões mas, neste caso, até uma criança conseguia ver o corredor esquerdo totalmente aberto para a progressão do FC Porto.

Jesus é um ator experiente, um treinador que já deu provas da sua qualidade e, talvez por isso, tivesse a obrigação de cair de pé. Principalmente quando a equipa tem de estar motivada para o jogo da final da Liga Europa. Não será fácil a motivação e mais difícil ficou com a atitude derrotista e de entrega protagonizada por Jesus.

Por outro lado, com a derrota, o Benfica precisa que o Porto perca o derradeiro jogo com o Paços de Ferreira e há quem tenha também interpretado o gesto de Jesus como um pedido aos céus para o auxílio divino.

Com o campeonato praticamente perdido, resta a Jorge Jesus colocar tudo na final da Liga Europa e tentar conquistar um título que ajude a disfarçar a dor provocada pelo desperdício do título nacional. Os adeptos querem celebrar e se for para receber a taça da Liga Europa, melhor. Mas não é a derrota frente ao Porto que o Benfica tem de lamentar. Afinal foi no Estoril que o Benfica congelou o caminho para o título.

Ganham milhões

Os futebolistas ganham milhões. E merecem?

Sem tirar o mérito ao Leixões, que actualmente lidera o Campeonato Nacional, e que já bateu os chamados três Grandes, é uma vergonha o futebol que as equipas têm apresentado.

No final das fracas exibições há sempre as desculpas habituais. Quando a culpa não é do árbitro é dos jogos a mais (que é como quem diz trabalho demais); quando jogam apenas uma vez por semana e nos treinos, quer dizer...

Bom, mas o pior é quando apresentam as razões psicológicas. «A equipa está desmotivada porque...». Desmotivada?

Quantos de nós muitas vezes não estamos desmotivados. Mas o trabalho tem de ser feito, certo?

Agora o que me deixa realmente estupefacto é a leveza com que se aceitam os resultados, fracos, de equipas como o Benfica perante um Estrela da Amadora. E o problema não é a equipa, mas imaginam piores condições psicológicas para um jogador do que não receber salário há mais de três meses e ter andado a semana inteira em noitadas (não nos copos) mas em reuniões com sindicatos e advogados para saberem como vão resolver a sua situação financeira?

No entanto, o Benfica, a jogar em casa apenas conseguiu marcar um golo, e teve de ser um defesa a fazer o trabalho dos avançados. O pior de tudo isto é que o Benfica consegue manter-se em segundo lugar. Não que não mereça, claro que está lá pelos jogos realizados, o que assusta é a qualidade do futebol português e a imagem que as «equipas grandes» estão a transmitir para o exterior. Sim, apesar de haver coisas mais importantes na vida, é incontornável que o jogo da bola tem muita força, a vários níveis.

É pena que ela (a força) falhe em horas decisivas.

Paulo M. Guerrinha

 

CorrupFut, o novo desporto nacional

O elevado número de adeptos já merece que seja criada esta categoria no desporto nacional. E já dá para fazer competições internacionais. Não há dúvida que os casos de corrupção no futebol português se tornam já uma ofensa ao comum cidadão. Mesmo quem não gosta de futebol consegue ficar ausente de toda esta trapalhada judicial. Principalmente porque se assiste a uma total ineficácia da justiça em punir os autores destas manobras de usurpação de dinheiros alheios. E, quase sempre, os cofres do Estado (que pertencem a todos os cidadãos fartos de ser "castigados" com penalizações por causa do défice) sofrem duramente com as faltas de pagamento dos clubes de futebol.

José Veiga declara-se inocente mas aguçou-me a curiosidade a frase citada no jornal 24 horas: "Se ficar provado que não sou culpado, admito processar o Estado". Se for provado que não sou culpado? Então mas ele não tem a certeza? Enfim, podemos traduzir isto por: "Se eu por milagre me escapar desta..."

Restam ainda os casos "Apito Dourado", "Mateus" e tantos outros que continuam no segredo dos deuses. Mas esperemos que a Justiça seja feita.

Sobre o caso de José Veiga, e claro que, até prova em contrário todos somos inocentes, serão necessários seis anos para que se investigue um caso que envolve a contratação de um jogador? E ainda por cima, pelos vistos, isto só acontece porque houve uma denúncia anónima. O que, pelo que se sabe até ao momento, ou foi feita pelo jogador por se sentir lesado, ou então alguém que suspeita de fuga aos impostos. O que certamente terá acontecido se a transacção foi realizada nos moldes descritos, ou seja, para uma conta pertencente a uma offshore!

Ainda me recordo das afirmações públicas de Vale e Azevedo feitas em jornais e televisões gritando por justiça e jurando que era inocente. Claro que sim...

Paços de cumplicidade

É impossível resistir à verdadeira campanha a favor do Sporting, contra o golo marcado com a mão pelo jogador do Paços de Ferreira. Ontem, nos noticiários da SIC, foi constante a referência a este "acontecimento". Para os mais distraídos, pode mesmo passar-se a ideia de que este foi o primeiro golo marcado com a mão na história do futebol.

O que a mim me confunde mais não é o facto de se falar do assunto (que pena, o Sporting lá perdeu), mas toda a construção do caso em torno das declarações de Ronny (o jogador do Paços de Ferreira) que, obviamente, diz não se lembrar como foi marcado o golo pois foi um lance muito rápido. A SIC não perde tempo em montar logo de seguida a frase "não se recorda mas é óbvia a cumplicidade mostrada pelo jogador" acompanhada por uma imagem em grande plano da cara de Ronny, em câmara lenta, a piscar o olho ao treinador. É de um dramatismo de fazer chorar as pedras da calçada.

Para mim, sinceramente, aquele piscar de olho poderia ser no momento do golo, como em qualquer outro momento do jogo e, além disso, pode ser por causa do golo ou porque viu uma cara bonita na bancada.

A dúvida que fica é: se a situação fosse inversa, ou seja, tivesse acontecido com um jogador do Sporting, a construção noticiosa, que se alarga à imprensa escrita, teria a mesma estrutura?

Paulo Guerrinha

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