Falar de política é, na maior parte dos casos, um tema polémico. Mas a política faz parte do nosso quotidiano, afeta diretamente as pessoas. E isto é ainda mais verdade quando falamos de política regional, ao nível das autarquias.
Vivemos atualmente momentos complicados, com o aproximar das eleições legislativas e com a crise grega. E estamos a olhar para alternativas. Quando ouvimos os homens que se apresentam como candidatos, convém ver também a obra feita. Os contributos que deixaram pelas funções públicas exercidas.
Quando não se gasta, nem se investe, poupa-se dinheiro mas deixa-se ao sabor dos elementos a degradação das ruas, das casas, da qualidade de vida das pessoas.
António Costa já mostrou, por diversas vezes, o "excelente trabalho" no equilíbrio das contas da Câmara Municipal de Lisboa. Hoje, sem espanto, para qualquer lisboeta, temos a oportunidade de ler Fernando Medina, o atual presidente da autarquia, afirmar o seguinte sobre um investimento de 25 milhões de euros em arruamentos:“Isto é reconhecido por todos. É uma evidência o estado de degradação acentuado que muitas das nossas artérias apresentam hoje".
E não estamos a falar de ruas secundárias, mais uma vez, as intervenções planeadas debruçam-se sobre as mais visíveis, aquelas que vão permitir "mostrar obra".
"Já este ano, há intervenções prioritárias que arrancam em algumas das principais vias da cidade: em todo o eixo da Avenida das Forças Armadas, da Av. Dos Estados Unidos da América, da Av. Gago Coutinho, do Campo Grande e Entrecampos".
Porque depois destes anos de "poupança", que poderiam ser evitados pois o custo vai existir na mesma, só que acumulado, em vez de realizado espaçadamente, os eleitores vão querer mais da autarquia.
Como se costuma dizer, é fácil fazer as contas. Quando não se gasta, nem se investe, poupa-se dinheiro mas deixa-se ao sabor dos elementos a degradação das ruas, das casas, da qualidade de vida das pessoas.
Que alternativa tem Portugal nas próximas legislativas?
O problema grego. O problema português. A solução da União Europeia.
O problema, é o problema. Se aplicarmos a matemática, cortamos o problema e a frase ficará, "O grego, o português, a solução da União Europeia".
Não existe União se não existirem os gregos, os portugueses, os alemães, os franceses... Vale a pena continuar a brincar ao faz de conta? Desde a sua fundação que se percebeu que a União Europeia só iria vingar de verdade, ser uma solução justa, democrática, se fossem aplicadas as regras do federalismo. Não o defendo, nem o condeno. Mas numa verdadeira união tem de vingar a democracia. Não podemos continuar a aceitar afirmações como: "os líderes mais influentes". "A Merkl decidiu impor..."
Mas, não se trata de uma União? Não estamos todos em pé de igualdade? Claro, sei que não. Mas então, porque insistimos neste modelo?
Está na altura de os povos exigirem uma verdadeira União. Direitos iguais, obrigações iguais.
A verdadeira luta grega não deveria ser pela independência nas decisões de gestão. Enquanto os países estiverem dependentes das regras dos "mais influentes" têm de aceitar as imposições. Mas tem de haver regras. São elas que traçam a fina linha entre democracia ou anarquia total.
Vejo isto da seguinte forma: se eu pedir dinheiro a um amigo, por estar a precisar, e ele me emprestar, mediante determinadas condições, devo cumprir, gerindo esse empréstimo de forma a fazer face às minhas necessidades, mas aproveitando para equilibrar as minhas contas, ou depois de gastar o dinheiro e não conseguir pagar a dívida como prometido, vou lá exigir mais e bater o pé dizendo que ele não tem direito a decidir o que faço com a minha vida?
Não é assim tão simples? Na verdade, por mais que se queira complicar, isto é tão simples assim.
Será bom esclarecer que sou a favor de uma União. Acabar com a UE nesta fase, de forma abrupta, será um caos para a Europa. Sem querer ser fatalista, se a Europa ruir, será quase inevitável o surgimento de uma guerra de grande escala no velho Continente. Temos de evitar isto, a todo o custo. Mas, tal como a UE deveria ter previsto a possibilidade de um país deixar a União (algo que não aconteceu), está na altura de os povos exigirem uma verdadeira União. Direitos iguais, obrigações iguais.
Mas isto vai continuar a acontecer, para proveito de quem domina os mercados financeiros, pessoas que ganham milhões com a desgraça dos povos, enquanto esta União for um conjunto de países dependentes da vontade de dois ou três.
Numa verdadeira união, tal como num casamento, as partes envolvidas têm de estar em pé de igualdade. Não há um que manda e um que obedece. Têm acesso às mesmas condições, cumprem as mesmas regras, praticam, diariamente, respeito mútuo.
Será mais forte a força do povo ou a força dos lobbys que dominam e controlam?
Na Europa, não há respeito. Independentemente das orientações políticas de cada um, o povo grego decidiu, de forma democrática, eleger Tsipras e Varoufakis para os cargos. Não compete aos líderes dos outros países fazerem tudo para os deitar abaixo. Gostem, ou não, da esquerda.
No outro prato da balança, claro, sempre difícil de verbalizar, não deviam estar líderes que enganam o povo com promessas que sabem não poder cumprir sem criar o caos.
Não sei se a criação de uma Federação será a melhor solução mas sei que compete aos países mais pequenos, na sua maioria, unir esforços para fazer face às imposições de dois ou três. Mas será mais forte a força do povo ou a força dos lobbys que dominam e controlam?
Mais do que política, é o modelo económico que manda na Europa, e no mundo.
Compete à União Europeia, aos líderes Europeus, começar a pensar na solução para uma Europa Unida ou aceitarem que não têm condições de líderar. São líderes de um povo, de milhões, não de meia dúzia!
As regras têm de ser cumpridas mas devem ser feitas a pensar nos povos, não nas carteiras. De que adianta criar regras quando sabemos, à partida, serem impossíveis de alcançar sem prejuízo da vida das pessoas?
Se alguém me deve e não tem como pagar, talvez seja melhor aliviar um pouco a corda. A Europa tem como ajudar a Grécia. A Europa tem a obrigação de ajudar a Grécia. Mas os gregos, tal como os portugueses, têm de percerber que se querem manter a união, têm de deixar de acreditar em promessas falsas.
Têm de ser cumpridores, mas têm de saber exigir regras claras, através de líderes sérios, que lutem pela democracia e não pelo poder!