Mais uma vez os comboios são motivo de notícia pelas piores razões. Os acidentes acontecem, mas desta vez, (mais uma vez), a tragédia podia ter sido evitada pois de imediato começou a ser construída uma vedação na linha do Norte, perto de Gaia, onde duas crianças foram colhidas por um comboio.
Hoje vi na televisão um anúncio da Refer nitidamente dirigido às crianças, a prevenir para os perigos das brincadeiras perto das linhas de comboio. "Pare, Escute e Olhe", parece uma frase do tempo dos avós mas, infelizmente, continua muito actual e não pode cair no esquecimento.
Coisas destas continuam a acontecer por todo o país, basta sair de Lisboa para encontrar situações de fazer arrepiar todos os pelos do corpo. E o que se pode fazer contra isto? Os portugueses têm de assumir, de uma vez por todas um papel social activo e denunciar as situações que considerem irregulares e potencialmente perigosas.
Abanar a cabeça, em jeito de reprovação, e seguir em frente não leva a lado nenhum. Mas também é preciso que as queixas não caiam em saco roto e os responsáveis sejam de imediato obrigados a corrigir os erros.
Os ditados populares existem e continuam a fazer sentido. Neste caso, "depois de casa arrombada, trancas à porta", aplica-se que nem ginjas a uma das maiores empresas nacionais. Quais as consequências para quem gere a Refer e, eventualmente, será responsável pelo facto de não haver uma vedação naquele local?
Um mero anúncio de TV vai servir para fazer esquecer?
Cavaco Silva rumou a Espanha com o objectivo de reforçar as relações comerciais com Portugal mas, logo no primeiro dia de visita, o Rei de Espanha mostrou ao presidente da República do que trata realmente a vida. Estava a caminho mais um herdeiro, previsto para nascer em Maio.
A visita de Cavaco ficou desde logo abafada por esta revelação. Os media deram o destaque devido aos dois assuntos. Os súbditos de sua majestade estão mais interessados em saber que Letizia está novamente grávida do que em ouvir o que o Presidente da República Portuguesa tem para dizer.
Depois desta, talvez Cavaco Silva se aperceba, de uma vez por todas, que o que Portugal precisa realmente é de condições para os casais jovens poderem seguir o exemplo espanhol. Gerar novos herdeiros, não para o trono, mas para garantir que daqui a alguns anos, quando estivermos em idade de reforma, haja quem contribua para a Segurança Social.
Sem isso, bem que podemos começar a fazer planos para trabalhar até ao último dia das nossas vidas. O hábito de guardar os anos da reforma para gozar o resto da vida está em vias de extinção.
Com a oferta de um telemóvel com GPS a sua alteza, talvez os espanhóis descubram o caminho para Portugal e comecem a olhar para o nosso real valor. Ser espanhol, não obrigado, nada tenho contra nuestros hermanos , tenho muito orgulho em ser português, mas não há dúvida que em termos económicos os dois países podem ter ganhos mútuos.
Os governantes portugueses têm de perceber que não é através do aumento da carga fiscal e da redução das regalias dos trabalhadores que conseguem levar Portugal a bom porto. Principalmente quando estamos inseridos numa Europa que se apresenta mais competitiva para o investimento empresarial.
Não resisto. A edição de hoje do 24 horas destaca o beijo na boca dado por Joana Duarte, actriz de um novela da TVI, a uma amiga. A resposta da actriz é clara: "Não sou lésbica, é óbvio que é uma brincadeira". Além disso, tal como justifica a menina, dar beijos na boca é uma coisa normal entre o grupo de amigos.
Não há dúvida que o assunto merece destaque. Uma rapariga como ela, de mente aberta, que distribui o famoso ósculo a torto e a direito aos amigos é mais do que motivo para dedicar uma página inteira de jornal ao assunto.
Até porque fica a dúvida, se é assim com os amigos, como será com o namorado?
Já não me recordo onde li isto mas consta que um beijo ardente com a duração de 10 segundos queima 12 calorias. Para abater as calorias de uma fatia de bolo de chocolate basta dar 20 beijos. A Joana sabe disto, de certeza, e apesar de gostar de doces, tem de manter a linha para aparecer na TV. E assim, sempre abate as calorias a mais de uma forma doce.
Hoje, ninguém diria, é o dia Europeu sem Carros. Iniciativa à qual Lisboa foi uma das cidades a aderir. Na verdade, nunca encontrei tanto trânsito no percurso que normalmente realizo de casa para o trabalho. Tive mesmo de recorrer a um desvio para tentar fugir ao trânsito.
Perante isto, pergunto se a fórmula escolhida para levar a cabo esta iniciativa é a melhor. Fechar o trânsito em algumas estradas da capital só faz com que os carros se acumulem nos circuitos paralelos onde ficam num pára arranca que, na prática, só aumentam a poluição.
Até defendo a iniciativa de proibir o trânsito, mas quais são as alternativas? Os passeios estão cheios de barreiras e de bicicleta nem pensar. Em Lisboa? Só para os fãs do excesso de adrenalina, que gostam de se deparar com o perigo a cada esquina. Além disso, ficar o dia todo suado no trabalho não me parece que seja um grande contributo para a saúde pública.
E isto não é apenas um problema lisboeta. Infelizmente, a falta de alternativas alarga-se à grande maioria das cidades portuguesas e, apesar de alguns exemplos mais evoluídos, a muitos países europeus.
Faz falta mais e melhores transportes públicos e, quem sabe, alternativas para quem vem de fora da cidade para trabalhar. Parques de estacionamento gratuitos com transportes de ligação ao centro da cidade? Pagamento de uma portagem à semelhança do que acontece em Londres? Mas, mesmo assim, a proliferação de parques pagos em toda a cidade não era também uma forma de dissuadir as pessoas a andar de transportes públicos? O resultado é visível.
Apesar de louvar a iniciativa, tenho de admitir que não passa de uma pequena encenação da qual amanhã já ninguém se lembra. Hoje, apenas tem contribuído para o aumento da "raiva" dos condutores que se sentam ao volante como se estivessem a travar uma batalha. Nas paragens de autocarro era visível o desespero de quem aguardava por um transporte que tardava em chegar.
Para muitos, hoje será o dia europeu sem paciência.
A notícia está no Sol. Um estudo revela que a pesquisa de negócio na Internet ultrapassou a pesquisa de sexo. Das duas uma. Ou está tudo falido e procura uma forma de ganhar mais dinheiro, ou o sexo continua a ser o negócio mais procurado (na oferta e na procura).
Uma das potenciais razões apontadas pelos investigadores para este resultado é o facto de actualmente haver mais mulheres a navegar na Internet do que havia nos anos 90. Será que elas só pesquisam negócios na net?
Não me parece. Senão como se justificava o elevado número de revistas dedicadas ao tema e que se dirigem, essencialmente, às mulheres? Claro que tudo o que diz "só para mulheres" sempre atraiu os homens, e vai continuara a atrair. Descobrir os segredos que as movem, há-de ser um dos objectivos de sempre da classe masculina. E há quem faça negócio disso.
Para quem ler este texto, responda para si mesmo, em voz baixa, para ninguém ouvir: alguma vez pesquisei sexo na Internet? E negócio?
A natureza tem destas coisas irritantes: faz o que lhe apetece. E desta vez deu a volta a todos os que já faziam figas para assistir a uma castátrofe em massa nos Açores.
Depois das previsões que davam conta que o furacão Gordon iria passar pelos Açores como tempestade tropical, afinal concluiu-se que seria um furacão do tipo 2 e que traria consigo ondas de 12 metros (pelo menos) e ventos com mais de 120 km hora.
As televisões não perderam tempo e prepararam tudo para fazer a cobertura do desastre natural do ano. Captar imagens de um furacão a arrasar o arquipélago dos Açores, além de inédito, iria dar grandes audiências.
Mas a natureza é mesmo assim, apesar dos avanços da tecnologia, imprevísivel. Por isso, e como além de perder intensidade desviou a rota para Sul, o pior passou. Mas a estrutura estava montada e as televisões encheram os noticiários com o tema. Reportagens e directos onde até se ouviu um dos jornalistas dizer em directo "o Gordon deu-nos a volta".
Eu acrescento, ainda bem. Pois poderia trazer muita desgraça para as populações açorianas.
Uma das reportagens da SIC termina mesmo de forma dramática, ao melhor estilo cinéfilo, com uma imagem de um galho (sim, porque nem ramo de árvore é) caído na pedra da calçada como que a dar a entender que se tivesse sido um furacão aquela imagem estaria a mostrar uma pesada árvore tombada, provavelmente em cima de um carro para compor a cena.
"O drama, o horror, a tragédia", ainda continuam, infelizmente, a fazer as delícias das televisões e dos espectadores que ficam presos às imagens que chocam.