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Coisas da Vida

E se... SNAP tivesse vencido ou obrigado uma segunda volta?

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E se... É a partir desta expressão que se começa a construir um argumento de uma história. E se Sampaio da Nóvoa tivesse o resultado esperado pelo Partido Socialista. E se estivessemos agora a preparar uma segunda volta nas presidenciais?

 

 

Se isso tivesse acontecido, a história dos discursos teria sido outra. Na noite de ontem, após a desilusão dos resultados dos candidatos suportados (mesmo que oficiosamente) pela esquerda, todos venceram, como é hábito, de alguma forma. Todos recusaram falar em derrota.

 

A derrota existe e foi bem clara. Muitos brincaram com a questão da soma dos resultados de Sampaio da Nóvoa, Maria de Belém e Marisa Matias e Edgar Silva para que a esquerda voltasse a sair vitoriosa de umas eleições que perde. Mas, mesmo não sendo possível essa ação de forma direta, esse era o grande objetivo do Partido Socialista, PCP e Bloco de Esquerda. Faltando um candidato com perfil suficientemente forte para bater a figura de Marcelo Rebelo de Sousa, tentaram dividir os votos pelo maior número possível de candidatos para, numa segunda volta, unir esforços e bater o candidato da direita.

 

Não é nenhum segredo, foi a esquerda quem o assumiu e foi essa a estratégia amplamente apregoada pela candidata Marisa Matias e Sampaio da Nóvoa. Este era o principal objetivo. Falharam. Marisa admitiu-o. Em qualquer situação da vida, significa uma derrota.

 

E sim, apesar de não haver uma relação direta, o povo falou, e de forma expressiva, sobre quem queria no cargo de Presidente da República e sobre o que sucedeu após as eleições legislativas. A soma de todos os principais candidatos suportados por partidos políticos ronda os 42% de votos. Marcelo venceu com 52%.

 

Marcelo será um bom Presidente da República? O tempo o dirá. Era preciso eleger uma pessoa com sentido de Estado, e na lista de 10 candidatos, Marcelo aparentava ser a melhor opção. Pelo menos foi assim que pensaram os portugueses que votaram. Certamente haverá oportunidades para falar sobre o desempenho do novo Presidente.

Marcelo foi protagonista, foi contra o aparelho, montou tudo à sua imagem. A estratégia foi vencedora e será certamente alvo de estudo no futuro.

 

O outro cenário 

E se Marcelo não tivesse ganho logo à primeira? O discurso de ontem teria sido claramente o da vitória da esquerda unida, contra uma direita em declínio, contra um Marcelo do PSD, partido que nos últimos quatro anos governou com austeridade.

 

Mas não foi isso que sucedeu e, como tal, vamos todos fazer de conta que a estratégia do PS de António Costa não falhou, que a esquerda separada, mas unida no mesmo objetivo é um mito. A culpa, é da abstenção, etc. E, lá voltamos à expressão: e se a abstenção tivesse votado?

 

Marisa Matias, com um resultado coerente com o registado pelo Bloco de Esquerda nas legislativas, é o caso que deve merecer maior atenção por parte do Partido Socialista e PCP. Nota-se, por este resultado, que existe um eleitorado fiel ao BE, que está a conseguir conquistar uma posição relevante à esquerda. Não será tanto uma preocupação imediata para a direita mas sim para o PS e, principalmente, PCP.

 

A estratégia de António Costa, que dividiu o PS, não apoiando Maria de Belém, contra aquilo que foi a decisão de alguns dos históricos do partido durante a Comissão Política, vai agudizar, ainda mais, os conflitos internos que estão prontos a rebentar. E este "crescimento" do Bloco de Esquerda, esta ameaça à sua força como partido, pode ser o catalizador para a rutura do entendimento Parlamentar.

 

Marcelo Rebelo de Sousa dificilmente irá, de ânimo leve, tomar qualquer atitude para fazer cair o Governo de Anrónio Costa mas, perante uma rebelião parlamentar terá poucas opções. A pressão internacional, sem entendimentos claros entre os deputados do arco governativo, irá provocar mossa. Nessa altura, quando o PSD e CDS sentirem que estão em condições de voltar a disputar eleições, irão deixar cair António Costa.

Já o podiam ter feito, por exemplo, na votação do Orçamento Rectificativo. Não era o momento. Cavaco não podia tomar nenhuma posição e isso poderia prejudicar a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa.

 

A grande questão desta eleição é se Marcelo irá dissolver o Parlamento, convocando eleições antecipadas. Foi eleito afirmando que não o faria sem grande justificação. Mas, e se justificar, se o fizer, terá legitimidade democrática?

 

Perante a ansiedade manifestada pelos discursos de algumas figuras dos partidos à esquerda, esta é uma hipótese considerada. "Quem está no convento..."

 

Nota final: Tino de Rans e mais nove

Estas eleições presidenciais ficaram marcadas pelo elevado número de candidatos, 10 no total. A grande maioria, figuras completamente "alheias" aos palcos partidários. Olhando para os nomes, Marcelo Rebelo de Sousa, até pela estratégia que desenvolveu ao longo de dez anos, seria o candidato com mais hipóteses. Ninguém conhecia os outros, com excepção de Tino de Rans (assim, por este nome, poucos sabiam quem era Vitorino Silva), e essa mediatização contribuiu para o resultado obtido. E se o povo tivesse eleito Tino como presidente?

 

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