Dia da criança em Portalegre: brincar à polícia de choque!
Em Portalegre o Dia da Criança foi passado de forma animada. Diversas atividades para os mais pequenos sendo, uma delas, brincar à polícia de choque!
Uns, equipados com capacete e escudo usado pelo corpe de intervenção da PSP, enfrentam um grupo de miúdos e miúdas a lançar papéis, simulando o arremesso de pedras. Tudo isto devidamente arbitrado por um agente da autoridade fardado. De notar na foto o sinal do agente de autoridade fardado a dar ordem de conteção ao seu pequeno corpo de intervenção.
Ora, se bem que as brincadeiras dos índios e cowboys são já antigas (e todos nós as representamos), já este evento parece um pouco despropositado. O que se pretende com esta lição? Ensinar às crianças que sempre que virem um polícia do corpo de intervenção devem arremessar uma pedra? Incutir nas crianças que aqueles senhores fardados e equipados são maus?
Reparem bem na foto seguinte, enquanto as crianças procuram, aparentemente, munições nas mochilas a escola, há um que se antecipa na agressão aos "polícias fingidos".
Não assisti no local ao evento mas pelas fotos, partilhadas na página de Facebook da autarquia de Portalegre, e retiradas depois, pouco há a explicar. O que se esquecem é que um evento público, principalmente depois de partilhado na Internet, fica registado para sempre. Tal como a imagem da brincadeira na cabeça das crianças.
Não critico a aproximação da PSP às crianças, tal como, aparentemente, foi feita com outras atividades, em que viram como é por dentro um carro da polícia, ou qual a sensação de montar numa mota da polícia. Mas havia necessidade de simular uma situação de confronto da PSP com uma multidão?
Quem pensou nesta atividade deveria estar cansado demais com os preparativos mas os pais, e encarregados de educação, que permitiram as crianças representar tais papéis, também deveriam ter travado isto.
Alguém gosta de ver o seu filho atirar pedras à polícia? (Se calhar ainda me vou arrepender de ter feito a pergunta).
Por mais que se condenem os atos de violência levados a cabo por alguns agentes, creio que qualquer pessoa que preze a sua segurança defende a existência da polícia, mas é demais passar às crianças este ensinamento de confronto violento.